sábado, 14 de maio de 2011

LEMBRANÇAS COLEGIAIS


No meu tempo, namorada não transava, na verdade a gente nem podia chamar aquilo de namoro, era mais uma conversa na sala, até o pai passar de pijama, olhando o relógio e fechando as janelas. Por isso, fervíamos na solidão dos banheiros, com nossas revistas, traficadas e compartilhadas solidariamente entre amigos. Mãos trêmulas folheando páginas lentamente, para não gastar as fotos... Nem gosto de lembrar desses castos tempos... E o pior, era a confissão mensal no colégio dos padres, onde o Monsenhor tinha um prazer especial, em saber nossas estripulias sexuais. Inclusive de Ganda, nosso colega, que era o mais contumaz dos onanistas, também o mais exótico, chegando a se “alegrar” com a She-Ra do He Man. Isso levava o Monsenhor  a se benzer, toda vez que passava pelo menino. Um caso perdido...


Outra alternativa, eram as casas de mulheres de vida fácil, Dora, Pretinha, Querosene, Baleia, Barril, KM2, Sonho Azul.  Nunca gostei do nome zona, me parece impuro demais.
Paulo Monteiro, nosso professor de educação física, já nos alertara sobre os perigos das doenças venéreas, inclusive, nos ensinara um método nada ortodoxo, de purificação pós sexo, que usava uma escova de roupa e sabão de coco. Terminada a relação, tínhamos que esfolar sumariamente o “companheiro”, com a escova e farta espuma de sabão. Muitos morreram virgens, por conta dessa aula.



Uma vez depois de uma ida numa casa de tolerância, cismei que tinha pegado alguma coisa. Todo mundo tem um colega especialista em doenças venéreas, na minha época era o Couto. Ele me olhou com cara séria e sentenciou:
_Tá coçando...isso é mula! Dez injeções de bezetacil das bezerras.
Quase morri, não porque soubesse o que era mula, mas devia ser terrível, para ter esse nome.
“Como vou explicar isso lá em casa?” sai pensando da consulta. Naquele tempo não tinha Google para nos salvar e a primeira hipótese que veio à minha mente, foi a de perder meu “companheiro”, engolido pela mula.


Discretamente me dirigi a uma farmácia onde meu pai tinha conta, fiquei ali trançando, olhando o preço de um creme Rinse, testando um desodorante, perguntando o preço disso, daquilo...Até que o farmacêutico, um velhinho de jaleco, já irritado, me perguntou:
_Moço, olhar não paga, mas o que você quer?
_Dez ampola de Bezetacil é pro meu cachorro! Falei.
O cara me olhou espantado, mas já acostumado com a automedicação dos adolescentes, deu um sorriso sarcástico, fez o embrulho e me entregou, assinei a nota e corri pra casa.


Em casa de injeção pronta, pensei em me auto-aplicar pulando de bunda na injeção. Até que numa observação microscópica, percebi um monte de bichinhos andando pelos meus pelos pubianos. Era a provável origem da coceira. Voltei no Couto.
_Chato, são carrapatos minúsculos, vai coçar até te enlouquecer, se não chuparem seu sangue até a anemia profunda, você morre em 128 dias, o jeito é o banho de imersão em um tambor de óleo queimado.
Com 14 anos eu só tinha exatos 128 dias de vida, conforme o Couto, caso não perdesse a razão antes e aluasse para sempre, pelo menos não era mula, eqüina comedora de bilaus.

Ia pra casa, triste, preocupado, quando por uma iluminação divina, passei por Luquinha da carroça, dono de vários cavalos, entendedor de coisas da roça.
_Luquinha, seus cavalos dão muitos carrapatos?
_Vixe, até cair a orelha.
Cair a orelha não foi nada bom, mas continuei:
_E como você trata?
_Na farmácia tem tem um remédio muito bão, carrapaticin.
Voltei à farmácia:
_O senhor tem carrapaticin?
_Tenho, é pro cachorro? Perguntou o mesmo farmacêutico, sorrindo novamente.
_Não é pro cavalo, tá assim de carrapato. Falei dando uma coçadinha.
-Ah, some daqui moleque e fala pro seu pai, para parar de levar os bichos dele na zona.
Minha cara caiu. Voltei correndo pra casa e nos desespero, peguei o  Moderato da empregada e borrifei com força, no outro dia não tinha nenhum chato vivo. Até pouco tempo eu pensava que o termo Roll On, era por essa causa. Bons tempos esses...







segunda-feira, 2 de maio de 2011

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

EUA matam pai de 20 filhos e 70 netos...onde a violência vai parar?

Vaginaldo Pinto direto de Islamabad

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