sexta-feira, 29 de abril de 2011

NOS BASTIDORES DO CASAMENTO DE WILLIAM E KATE


Por que bilhões de pessoas – brasileiros, argentinos, americanos, guatemaltecos, bolivianos, indonésios, gregos, turcos, armênios etc. etc. – passaram horas diante de suas TVs acompanhando o casamento de William e Kate? Tirando alguns gatos pingados que ainda simpatizam com a monarquia – aí incluo meu primo Rodofilnho, bailarino e coreógrafo, que se veste de barbie todo carnaval –, a esmagadora maioria dos telespectadores e leitores que se deliciaram com a festa, é movida pelo mesmo sentimento, que nos faz ficar 2 horas na TV assistindo Robin Hood, mesmo já conhecendo a história e sabendo do final, ou seja, eu não sei.

Os novos duques de Cambridge anunciaram o "sim" no altar principal da Abadia de Westminster e em seguida o arcebispo de Canterbury os declarou marido e mulher...

Deixando o romantismo de lado, temos que primeiro dizer, que Kate acha que aplicou o golpe do baú do século, em compensação o príncipe em breve vai ficar com a cara do Rogério Ceni ou o Kiko do Chaves Loiro.



Bom a história que foi contada à bilhões de pessoas no mundo, todo mundo sabe e essa não interessa aos leitores desse blog, por isso enviamos a Londres, Vaginaldo Pinto,que vai contar os bastidores da festa real, os porões da aristocracia inglesa e o que acontece de realmente interessante na festa da realeza britânica.
Primeiro, o segredo da longevidade da rainha, nas primeiras horas das manhãs de sexta-feira, a rainha após o desjejum, toma 2 doses de gin Bombay Sapphire e entra numa banheira de esperma de cavalo selvagem de Przewalski, o que mantem a pele da rainha sempre jovem e hidratada.

A rainha sai da banheira e diz:
_Vamos encarar a onça, o reino já foi invadido. O banquete real já foi servido e degustado. O bobo da corte já foi descabelado. O cetro real já foi lustrado. A plebéia já sentiu o peso da realeza. A espada real já trabalhou nessa conquista. O cisne já foi afogado.

A rainha se refere ao fato de que, 
Kate e William se conheceram quando estudavam na Universidade Saint Andrews, na Escócia e antes do casamento, viveram juntos por 7 anos, por isso a cauda curta do vestido.

A festa oficial tem aquela pompa toda, mas a festa real mesmo acontece às 2 da matina, depois que os seguranças do palácio colocam o último convidado bêbado pra fora.

A festa começa com o discurso do Big Forehead, o Testão, que profere o juramento da sociedade secreta de Luxor, e ao final  grita:
_Comigo é cinco na garrucha troxada, que comece o festim!
 Nessa hora negões da tribo Tútsis entram completamente nus, trazendo nas mãos bandejas com Anões besuntados  de manteiga, ao som de trompetes da real guarda britânica. Aliás é a parte predileta da rainha, lógico que não pelos anões...

E nessa hora, ninguém é de ninguém...

No final o princípe Charles de cinta liga, com dois vibradores enfiados na orelha, anuncia o fim da festa, até o próximo casamento.

A rainha dorme feliz nos seus travesseiros de pena de ganso, enquanto os dois negões são levados pelo Samu britânico em disparada, pelas ruas de Londres...
 
Vaginaldo Pinto, direto de Londres, para o blog Ilegilândia.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

OSMAR O MENINO QUE CALCULAVA


O shopping Sete Lagoas me revela surpresas, sempre encontro ali pessoas que não via há muito, sempre piso no passado naqueles corredores.

Outro dia estava na praça de alimentação e uma família me chamou a atenção, todos gordos, mas o rosto da mulher me fez viajar, havia um traço de beleza familiar naquelas curvas, o que me fez pegar um trem para o passado.

1978... Minha sala de aula. Sibeli a menina mais bonita, minha primeira paixão adolescente. Naquele tempo as meninas da minha idade gostavam de homens mais velhos, quando fiquei mais velho, elas passaram a gostar de rapazes mais novos. Essa sensação de ter nascido na época errada sempre me perseguiu.

Osmar, um menino esquisito, magrelo, pálido, a quem deram o apelido de Lombrigão, naquele tempo bullying era normal, quase obrigatório. Lembro da minha mãe me falando: “Vai com ele pra aula, coitado, ele parece tão solitário”

Eu tinha um pavor de matemática e até hoje tenho pesadelos, com uma prova que não consigo terminar. O que piorava a coisa, era que meu pai era louco para ter um filho engenheiro, aquilo era uma pressão enorme, porque eu sempre me saira melhor, com palavras, que com números. Eu sabia que Osmar era ótimo em matemática, pensei em tirar algum proveito daquela convivência.

Todo dia Osmar passava em minha casa, sapato Vulcabrás brilhando, camisa dentro da calça, óculos fundo garrafa e aquele cabelo ruivo penteado com glostora. E completando o quadro, aqueles olhos de gato pedindo peixe "Por Favor Goste de MIM. De certa forma Osmar virou um amigo, na verdade era uma troca, Osmar não tinha amigos e ele acalmou a minha convivência com os números, me dando aulas particulares.

Num desses dias Osmar chegou, vermelho como uma maçã e me deu um presente.
_Toma é para você. Era uma calculadora. Agradeci, mas não sabia usá-la direito. Osmar sempre prestativo me deu todas as dicas e ainda me ensinou a escrever algumas palavras usando os números, e a seguir invertendo a calculadora: BELOS( 50738) SEIOS (50135) SELO(0735)... E uma outra infinidade de palavras.
Em troca dei-lhe um vidro de Emulsão de Scooth, falei que ele devia tomar todo dia, que logo estaria robusto.

Sibeli continuava sendo meu amor platônico e da maior parte dos meus colegas. Teve até um menino, o Nogueira, que diziam estar pagando a mensalidade dela, de tanta paixão. Depois como o amor não foi correspondido, ele tentou suicídio, tomando um litro de Pinho Sol, por isso, ganhou o apelido de “Boca de Bidê”.
O tempo passou...E Osmar começou a se transformar, o óleo de fígado de bacalhau parecia funcionar, ou talvez, pela primeira vez na vida o coitado se sentia seguro. Um dia foram os óculos substituídos por lentes de contato. Depois os cabelos foram penteados de modo mais conveniente para o nosso século. E por incrível que pareça o menino engordou, eram notáveis os bíceps justos na manga da camisa. E por falar em camisa, as roupas! Tudo novo. Bem vindo a 1978, era o que dava vontade de dizer ao olhar o menino.
Meu peito explodia quando via Sibeli e para dividir essa dor, contei para Osmar, ele ficou calado enquanto ouvia, ruborizado, apenas balançando a cabeça.

Duvido que alguém consiga decifrar o cérebro feminino, descobri isso bem cedo e a duras penas. Um dia voltando do intervalo, desanimado, com a falta de coragem de me declarar à Sibeli, procuro ansioso a menina na sala, ela não estava, mas fiquei horrorizado quando cheguei na minha carteira.
Minhas coisas espalhadas sobre o móvel, minha calculadora ligada e no visor da máquina: 173815. Inverti a calculadora e completei meu espanto: “SIBELI”! Corri para o pátio... e ainda consegui ver uma ponte de saliva brilhando ao sol, unindo lábios... Sibeli e Osmar...

Voltei para a sala arrasado.  Peguei a calculadora, olhei os números ainda em choque, à cabeça me veio uma única palavra...0.808 =BOBO. 

Voltando aos nosso dias, ainda parado na minha mesa, dividido entre o passado e o presente, cruzamos os olhares. Sibeli me olhou, como se pedisse desculpa pela sua aparência, um olhar envergonhado. Eu ao ver aquela dona, com aquela meninada, todos gordos, cheios de gorduras saturadas, pequenos cardíacos sorridentes, empanturrados de Girafa´s, Bob’s, Milk Shakes.Senti um arrepio, um alívio... Levantei meu copo de chope e fiz um brinde ao tempo...Lombrigão me salvou.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O SONHO DE ÍCARO



Jorjão Borracheiro, dos que assistiram foi o único que aceitou falar pro Jornal Folha da Tarde:
_Tem complicados e complicados...
Enquanto limpava a mão na estopa molhada de Thinner:
_Tem gente que acha que o nome no SPC e Serasa é o fim do mundo. Tenho um amigo aqui, o Linguiça, que se ficar broxa, será um defunto insepulto. Conheço gente que não come sem carne, como tenho um cliente, que se tiver carne, não come. Esse menino não queria andar, então cismou de voar.
Jorjão falava do meu primo Boaventura...


Essa história passou-se em Corinto/MG. Boaventura nasceu feio. Essa foto não é dele, é que como era muito feio, o pai, envergonhado, comprou essa foto e dizia que era Boaventura, quando pequeno. Com três anos Jorge Boaventura já tinha barba a bigode e a calva já luzia no sol do meio dia. O pai de Boaventura, Armando das Frangas, diante da feiúra do filho pensou:

 _Vou ganhar dinheiro com esse menino.

E proclamou Boaventura um novo profeta. Todo dia Das Frangas levava o menino, montava um palquinho e Boaventura ficava ali, fazendo previsões:

_ No dia que o sol nascer e a luz tocar a areia do deserto, a velha com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar, (daí Raul tirou a letra daquela música) triunfará e no fim, o rei reinará.

Dito por um menino barbado e careca aquilo soava catastrófico e o povo queria saber mais. Aí Das Frangas passava a pequena cesta e recolhia a grana da feira. Boaventura fez sucesso assim uns dois dias, depois, com a rotatividade de aberrações, que comumente apareciam em Corinto, Boaventura foi ofuscado pela Samira, uma cartomante que trazia de volta o amor perdido em dois dias e em seguida, pelo bezerro de duas cabeças.



A vida de Boaventura foi assim, um acúmulo de complexos e humilhações, até o dia em que ele viu no céu de Corinto, um avião. Aquilo para ele foi a coisa mais linda que viu na vida. Potencializou todos os complexos adquiridos pela feiúra e jurou que ia voar. Trancou-se no porão de casa e ficou ali, com uma vasta literatura sobre aviação. Meses marcaram o calendário e nada do Boaventura sair do porão. Até que meu tio Das Frangas meteu o pé na porta, sorte de Boaventura que a sua invenção estava pronta, um par de asas!

Boaventura saiu do porão  com asas de estilo morcego amarradas nas costas:

_Tá tudo calculado, só falta testar.

Cidade pequena tem muito mais gente à toa e num instante formou-se uma turba. Nem na festa do Rosário formava-se uma procissão tão grande.  

Boaventura seguia na frente, só de zorbinha e o par de asas e atrás o povo. Boaventura olhava os prédios da cidade, procurando um ponto com altura ideal, até que avistou a torre da igreja.

Passou pela barbearia do Saul, pelo Hotel Soraya (toda cidade pequena tem o seu com esse nome) e ao passar pelo bar do Saúva, deu de cara com o nosso primo Roberval, poeta de quatro costados, figura consagrada pela academia Corintiana de Letras.

Roberval apenas disse: _ Eis o Sonho Ìcaro, voar, voar, subir, subir, ir por onde for, descer até o céu cair.

Poema que depois seria musicado por Biafra, com quem meu primo Roberval luta na Justiça pelos direito autorais, tem uns 30 anos.

Roberval pediu um conhaque, que só bebia nos momentos de grande inspiração e falou pro Saúva, que deixava Roberval beber de graça em troca de poemas para as namoradas:

_Traga papel...muito papel, uma Bic e mais um conhaque.

Passador alguns minutos, surge Boaventura no alto da torre da Igreja. O Povo aplaude, alguém grita: _Galôôô!

No que responde a outra metade: _ Zêroooo!

A coisa virou um misto de expectativa e show.

De repente...Boaventura molha um dedo na boca, levanta, mede a direção do vento, tira a cueca que enfiou nas bochechas da bunda, enquanto ele subiu as escadas apertadas de Igreja, abre os braços e ...pula!
_Um anjo! Disse novamente o primo Roberval dessa vez já rascunhando num guardanapo um poema.



Não voou meio metro e rachou no chão. Já febril e delirante, Boaventura teve uma visão, uma cadeira rodas no meio de um deserto, foi quando sentiu uma certa paz, um êxtase, olhou pra baixo e um cachorrinho estava a lamber-lhe as gônadas. 

Boaventura nunca mais falou, andou ou fez outro movimento, passou o resto da vida entrevado numa cama, para se comunicar, piscava uma vez para sim e duas, para não.
Lembro-me de ainda pequeno ter ido visitá-lo e na minha curiosidade inocente de criança, olhei o primo tolhido daquela forma e perguntei:

_Será que doeu?

No que ele piscou uma vez, com os olhos cheinhos de lágrimas