quinta-feira, 21 de julho de 2011

PLUNCT PLACT ZUM

Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado se quiser voar! (Raul Seixas)



Hoje precisei de um serviço básico da prefeitura, uma certidão negativa de débitos tributários. Essa certidão serve para provar, que eu, cidadão, não tenho dívidas com a bendita.
Primeiro fui ao site da prefeitura, onde, depois de um arrepio frio da ponta da coluna ao cerebelo, descobri que esse documento não poderia ser extraído diretamente do site. Detalhe quase todas as prefeituras, de cidades do porte de Sete Lagoas, têm esse serviço online e gratuito, Varginha, por exemplo.  Aqui custa R$ 30,31.

Primeiro fui ao setor de protocolos, que fica numa casa ao lado da prefeitura. Lá descubro que essa certidão demora 6 dia úteis. Como não podia esperar, liguei para um amigo, que comumente usa esse serviço e ele me deu alguns atalhos.
Primeiro fui ao setor de IPTU, onde recebi o único sorriso do meu calvário, é uma graça que a alguns escolhidos recebem, quando Deus está olhando.
Do setor de IPTU eles me mandaram ao SAAE. No SAAE fui recebido por um funcionário de um mau humor desgraçado, que me atendeu com cara de poucos amigos e me serviu como se estivesse fazendo um favor.
Do SAAE voltei ao setor de IPTU, de onde fui mandado ao setor de ISS. Quando ainda estava no setor de IPTU, ousei perguntar à funcionária:
_Porquê eles não centralizam essas informações em um único lugar?
_É....mas pensa bem, eles centralizam tudo e onde 10 fazem o trabalho, vai precisar de 1.
 Além de um sorriso, ganhei uma resposta honesta. Se a prefeitura centraliza tudo e depois descobrem que... o prefeito é dispensável?



Continuei minha sina, desta vez no setor de ISS. Cheguei por volta de 10:45. Só havia uma mocinha na portaria, que me encaminhou para outra sala. Lá não encontrei a pessoa que procurava, fui espiando, tentando encontrar alguém. Cheguei na cozinha, onde 4 funcionárias largaram suas marmitas, para me atenderem e fui gentilmente informado, que a pessoa que eu procurava estava almoçando, que deveria voltar à tarde. Ciente que naquele setor, as pessoas sincronizam seus relógios com os peões de fazenda e almoçam na hora do café, voltei ao escritório.  Do meu escritório vejo o enorme prédio da prefeitura, dividido com o Banco do Brasil. Quanta gente deve estar perdida por lá? Boys comemorando aniversário em filas, despachantes enfartados no banheiro, cidadãos mumificados em salas vazias.

Depois do almoço fui ao setor de ISS, lá encontrei a moça que almoça com os peões da fazenda, ela conversava animadamente com outra moça, enquanto mostrava o tamanho do banheiro da casa antiga, onde funciona o setor de ISS.
_Dá pra dormir aí dentro.
Com medo de interromper alguma coisa e que isso fizesse a moça perder o humor e consequentemente a vontade de fazer minhas certidão, mostrei educadamente o protocolo a ela. Ela pegou meu protocolo com uma mão e saiu comendo uma fatia de bolo com a outra. Fixou os olhos no monitor do computador, tirou os sapatos, esfregou os pés e me mandou ao setor de certidões, que fica na prefeitura, o tal prédio. Enchi o bolso de pedrinhas e fui ao setor de certidões, fui marcando o caminho com medo de me perder. Lá um monte de moças, revistas da Natura, Avon, Jequití... por fim, alguém dignou-se olhar para mim. Mostrei o protocolo e ela me mostrou uma mesa, onde uma moça conversava com a outra, um assunto importantíssimo para a administração pública. A cor de esmaltes de unha. Mostrei meu protocolo e ela colocou em cima da mesa e me pediu um momento. Uns 10 minutos depois, ela me mostrou a certidão pronta no editor de textos do computador, contudo...
_A certidão só pode ser retirada no setor de protocolos e o boy saiu agora...


Conformado e informado, que no dia seguinte seria possível retirar a certidão resolvi aguardar o dia seguinte.
No dia seguinte sigo às 9:30 h para o setor de protocolos, lá a mocinha me informa que o sistema estava fora do ar.
_Volta depois do almoço.

Depois do almoço, preparo um comprimido para colocar embaixo da língua e sigo novamente ao famigerado setor. Chego no setor, não havia fila, senti um certo desconforto, porque isso não é bom sinal, na prefeitura de Sete Lagoas se não houver filas, fique preocupado.
A moça pega meu protocolo, confere no sistema e ...
_O pagamento ainda não caiu no sistema.
E me mostrou um decreto colado na parede do lugar, que impedia de liberar minha certidão. Juro que deu vontade de roubar a certidão da mão dela e sair correndo.  



"Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará" em Sete Lagoas, Murphy e Eu.

2 comentários:

  1. Vc. conseguiu retratar com fidelidade o calvário da praça Barão do Rio Branco e de suas catacumbas, digo, autarquias. Há décadas é assim mesmo, por isso despachante ganha tanto dinheiro em Sete Lagoas. Não vou falar que é por desonestidade que não conseguimos, longe disso, mas é por certo amor platônico ou doentio que temos ao mimar esses funcionários que na maioria (salvo exceções) nada fazem nada produzem ou programam um bom atendimento ao setor publico. E quando surge um que realmente trabalha é rotulado de bajuladores ou retardado (palavra que nem usa mais), hoje seria deficiente auditivo, mental ou até físico.
    Mas para praticar onanismo e outras "cositas más" devem ser ótimos e recebem em dia, ou seja, no mesmo dia de que alguém que trabalha certinho.
    É o câncer da sociedade, o tal de funcionário concursado, apostilado e outros "ado" do serviço publico. As pessoas tinham que ter carteira assinada de salário mínimo e ganhar o restante por produtividade, mas aí certamente a "presidenta" ficaria devendo no final do mês.

    Prof. Chicão

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  2. Na prefeitura de Anchieta (ES) é tudo online. Atraso de vida...

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