quinta-feira, 24 de março de 2011

FUNCIONÁRIO DO BANCO DO BRASIL



Lá no céu, quando Deus separa as alminhas para mandar à Terra, ele vai dizendo, homem, mulher, cachorro, gato, ornitorrinco, samambaia, funcionário do Banco do Brasil... Eis que sai do céu uma alminha de calça de tergal, camisa social e sapato Vulcabrás, hemorróidas e prisão de ventre pré-determinadas no código genético e desce, pronto  para encarar o BB.
Com certeza o funcionário do BB é um ser especial. Se a rotina tem uma cara, ela tem  a cara do funcionário do BB. Vá em qualquer banco e veja se alguém no mundo trata as notas de Real com tanto carinho. Você na fila esperando duas horas e o funcionário do BB naquela tranqüilidade, desamassando nota por nota, desdobrando as pontinhas, virando as figuras pro mesmo lado e quando finalmente chega a sua vez, ele levanta e vai fazer não sei o quê, nos fundos do banco. Provavelmente foi colocar o supositório, para acalmar as hemorróidas, penso eu.


O que me impressiona é a paciência bovina do funcionário para retornar ao caixa, passa um cartão lentamente para abrir o sistema, sem se importar, com o monte de pessoas que estão desejando a sua morte.  E quando você acha que finalmente vai ser atendido, confere a senha 305 B, aparece no tela, 309 A, aí você descobre que o A, é atendimento preferencial e surge a nefasta figura de uma velhinha, meio cega, meio surda, acompanhada pelo neto cabeludo, vestido com a camiseta preta do Doors. Você pensa: Esse aí tá explorando a véia, pra comprar tudo de droga.

E quando se aposentam... Você pode identificar um funcionário do BB a 10 léguas. Bermuda de sarja bege, camisa de malha com alguma promoção do banco, óculos, sandálias de couro e unhas com micose, de tanto usar sapatos fechados e meias sociais.

Quando finalmente a morte dá sua foiçada, o funcionário do BB vai direto pro inferno, paga Caronte ( o barqueiro do inferno) com dinheiro absolutamente trocado e passado. Vai pro inferno não por imposição do “livro da vida”, mas por opção mesmo, ele não sabe fazer outra coisa.

 

Um comentário: